Gráfico baseado na quantidade de entrevistados, totalizando 15, que
disseram “sim” à presença desses serviços nos seus respectivos bairros.
Nota-se que há um maior número de mulheres que responderam à
entrevista, evidenciando que a população feminina é a mais ligada à
venda.
É surpreendente a contradição de opiniões do povo ouro-pretano no que diz respeito ao orgulho que sente em ser morador do município. Enquanto uns acreditam ser privilegiados pela oportunidade de lá habitar, alguns acreditam ser prejudicados por a cidade ser um forte polo turístico e, por conseguinte, ter um alto custo de vida.
Prova disso é o discurso proferido por uma vendedora de artesanato, Divina: “Eu me sinto como se fizesse parte da história. Fico muito feliz”. Por outro lado, uma jovem de 21 anos afirma que, havendo a possibilidade de mudança, não hesitaria, visto que lá, as chances de ascensão socioeconômica são mínimas.
Além disso, vale ressaltar que grande parte dos entrevistados, cerca de 93%, por sobreviver da venda, vive, majoritariamente, na área periférica. Isso porque, como afirma um morador, a atividade comercial não é lucrativa, o que impede que eles morem no centro, onde se concentra a maioria das casas tombadas, as quais são muito mais onerosas.
Vale salientar que o ideal de pertencimento ainda não faz parte da Identidade do povo local. Assim, Ouro Preto acaba se tornando muito mais um Patrimônio do mundo do que dos seus próprios cidadãos. Isso se tornou evidente a partir de certas respostas simples e, algumas vezes, equivocadas ao longo das entrevistas acerca daquilo que consideramos típico da cidade.
Essas marcas dizem respeito, por exemplo, ao desconhecimento por parte da população da principal atividade econômica, que é a mineração, seguida, de longe, pelas rendas geradas a partir da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e pelo turismo. Dessa maneira, nota-se o caráter excludente do desenvolvimento da região, cujos lucros se voltam muito mais para as grandes multinacionais do que para a população local.
Quanto a UFOP, esta representa, para a população, uma barreira socioeconômica encrustada no centro da cidade, pois a quase totalidade dos estudantes dela não são de Ouro Preto e o povo local não vê uma chance de ingressar em um dos cursos oferecidos. Ademais, a própria presença dos universitários na cidade acaba por elevar os preços de diversos serviços, como a alimentação.
Em suma, as disparidades do passado colonial se perpetuaram na construção da Identidade da sociedade ouro-pretana. Dessa forma, verifica-se, atualmente, um contraste entre aqueles que exaltam a cidade e tentam perpetuar suas riquezas e entre uma grande massa leiga que lida com elas de uma forma alheia.