Havia uma
turma com 15 alunos belos e inteligentes, cheios de sonhos esplendorosos. Tudo
era perfeito até demais para aqueles seres humanos que brincavam de ser
independentes, estudando então na Escola SESC de Ensino Médio.
A chance de ir
visitar, ao vivo e a cores, as belas cidades históricas do Brasil estava
distante. Teoricamente seria cancelada devido a alguns fatores financeiros.
Contudo, os representantes da turma K sabendo desse risco, resolveram fazer o
seu primeiro trabalho de campo para a Região dos Lagos com a maior perfeição
existente. Eles achavam que, fazendo isso, teriam certo prestígio para a tão
esperada viagem de campo rumo a Ouro Preto.
Algo intrigou
os alunos da primeira série: pedaços de um lindo poema apareciam em um mural
com o passar das semanas. Era uma conversa sobre viagens e algo do tipo. Seus
corações palpitavam à medida que viam cada pedaço em seu respectivo lugar.
Quando receberam a maravilhosa notícia de que a viagem de campo ia acontecer,
ficaram muito felizes.
Aprontaram-se
ansiosos e partiram. Foi a primeira turma a viajar. Foram as cobaias, mas isso
não diminuiu a felicidade que aquela viagem despertava. Grande parte do trajeto
foi música atrás de música. Kaio e Rodrigo Esquinelato usavam a parte de traz
da poltrona com cajón e improvisavam canções hilárias. Reynaldo, um professor
muito talentoso, tocava violão enquanto a professora Ana Paula acompanhava-o com
a sua doce voz. Chris, outra docente muito querida, enchia aqueles rostos de sorrisos,
só com a sua presença.
As cidades
capturavam toda a atenção deles. Mas algo aconteceu que marca até hoje a
memória daqueles alunos da turma K: Rodrigo Brito cometeu o erro de tocar em
uma lagarta exótica que estava em frente à mina. Ele adorava animais, diziam até
que ele tinha um zoológico em casa, por isso seus amigos não se importaram.
Não sabiam
eles que aquela inofensiva lagarta sofreu com as reações químicas dos
explosivos que tinham lá. A lagarta Felipeis bigaranis era fruto de uma evolução genética acompanhada da mutação dos
seus antepassados. De noite, Rodrigo começou a sentir os efeitos: suava frio e sentia
dores, mas não contou a ninguém.
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Felipeis bigaranis - lagarta exótica endêmica das minas de Ouro Preto. |
No dia seguinte, acordou se sentindo diferente: seu corpo antes sequilho tinha ganhado uma forte musculatura. Ele sofreu um tipo de mutação só pelo contato com a lagarta. Leonardo foi o primeiro a vê-lo e tomou um grande susto com a aparência dele. Os outros estranharam a mudança e ficaram boquiabertos.
Quando estavam
passeando por Ouro Preto, subindo uma ladeira qualquer, Rodrigo notou que um
carro desgovernado vinha em direção a sua turma. Uma coragem tomou conta
daquele menino e, sim, ele se jogou na frente do carro. A batida gerou um
barulho ensurdecedor e capturou a atenção de todos. O marco foi: Rodrigo parou
o carro com as duas mãos e não sofreu um arranhão sequer.
O grande
segredo daquele acidente hoje foi revelado: Rodrigo se tornou um super-herói
tendo ganhado uma força descomunal. Mariel chorava, não acreditava que a ficção
se tornava realidade. Foi um momento tenso, professores atônitos ligavam para a
escola enquanto amigos filmavam e tremiam.
Para muitas
turmas, aquela viagem foi como de qualquer outra, mas apenas os professores e
componentes da turma K, realmente, sabem a verdade. Foi feito um pacto de
silêncio chamado Darth Vader e sempre que alguém falar esse nome será lembrado
o dia em que houve um herói na ESEM. Definitivamente, o SESC transformou suas
vidas.
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Rodrigo Brito - 5 anos após o incidente. |