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LOCALIZAÇÃO DOS ESPAÇOS SAGRADOS
    Em Ouro Preto, os templos sagrados estão espalhados por toda a cidade. Isso já nos sugere uma estreita relação existente entre a religiosidade e a vida no período colonial, bem como uma ideia de subordinação da população perante a religião. Nesse período, até as igrejas refletiam a hierarquia social. Havia uma forte distinção entre as irmandades dos ricos e suas igrejas e a dos pobres e escravos e a localização delas era um fator de discernimento entre ambas. Enquanto a dos ricos era bem localizada, próxima às áreas centrais, a dos pobres, geralmente, ficava em locais afastados e de difícil acesso, como montanhas. Além disso, outro fator de discriminação era a imponência do edifício – tanto interna quanto externa. Hoje, séculos depois, as igrejas permanecem tendo sua importância e configuram-se, atualmente, como local de visitação.

SENTIMENTOS
    Já à entrada das igrejas, sentíamo-nos profundamente pequenos em relação a toda aquela grandiosidade exposta a nossa frente.  Ao dar mais alguns passos e adentrarmos no interior propriamente dito desses espaços sagrados, nossos olhos perdiam-se diante de todo aquele esplendor dourado. Não importava para onde nos dirigíssemos, sempre havia uma figura religiosa encarando-nos do alto, com um tom de perfeita superioridade. Nesse contexto, os sentimentos brotados foram diversos. Admiração, sem dúvida. Quanto aos que criam na religião católica, sentiram-se como se estivessem mais próximos do céu e do próprio Deus, acolhidos por aquele ambiente onde tudo emana fé.
Jesus carregando a cruz, Aleijadinho.

EXPRESSÃO DAS IMAGENS
    É importante entender que o estilo barroco destaca-se pela ornamentação, a dinamização, a dramaticidade e a expressividade emocional. Desse modo, essas características acabam sendo percebidas em cada detalhe, inclusive, nas imagens de santos e anjos presentes nos templos sagrados. Muitas vezes, a própria imagem de Cristo é retratada com uma profunda tristeza, que comove mesmo aqueles que não creem na religião cristã. Quanto aos santos e anjos esculpidos no interior das igrejas, suas expressões, como a própria face, são variadas. Surpreendentemente, aparecem anjos mulatos em contraposição ao padrão branco europeu e, comumente, especialmente nas obras de Aleijadinho, verifica-se um profundo tom de ironia. Parece que os anjos estão rindo maliciosamente para nós. Vale ressaltar, também, a forte crítica social que, disfarçada sob aquelas figuras santas, se faz presente nos espaços sagrados.
Fachada da igreja de São Francisco de Assis

LINHAS ARQUITETÔNICAS
    Nas igrejas visitadas, de forma geral, pudemos verificar um predomínio de linhas verticais e do arco barroco, bem como uma tendência, por meio de torres elevadas, de o edifício erguer-se em direção ao céu. Além disso, no alto de todas elas, estava o símbolo maior do cristianismo, a cruz sagrada, podendo ser com uma, duas (Igreja de Ordem Franciscana) ou até três travessas.
Igreja de Ordem Franciscana.
Igreja de N. Senhora do Carmo.
                                                               
ARQUITETURA DOS ESPAÇOS SAGRADOS

    As plantas das igrejas partiram de um aspecto mais plano e quadrangular para um mais redondo, ao longo da evolução do próprio estilo barroco. No caso das igrejas de Nossa Senhora do Carmo, São Francisco de Assis e Nossa Senhora da Conceição, em Ouro Preto, verifica-se essa transição. As principais mudanças consistem no encurtamento do corredor lateral, na embutidora nas paredes ou desaparecimento dos altares laterais e no deslocamento da sacristia para trás do altar mor. Já nas igrejas Nossa Senhora do Rosário de Ouro Preto e de São Pedro dos Clérigos de Mariana, verifica-se o esquema de dupla oval. Este se caracteriza pela nave oval e as paredes curvas, além da maior profundidade do altar.
Evolução do estilo arquitetônico.
    
Destacaremos, a seguir, alguns estilos arquitetônicos:
  1. Igreja de São Francisco de Assis: Considerada a obra-prima de Aleijadinho e de Manuel da Costa Ataíde, a Igreja de São Francisco de Assis tem uma planta um tanto quanto retangular, mas abusa de paredes dinâmicas e movimentadas.




  2. Igreja de Nossa Senhora do Rosário, datada de 1763, já traz o esquema dupla oval.


        Partindo, agora, para a disposição das pessoas nesses espaços, surpreendemo-nos com a hierarquia ali presente. Há uma distinção clara entre os espaços destinados aos fiéis – que assistiam à santa missa em pé – e o destinado aos presidentes da celebração. Somente num dado momento, os dois se “encontravam” e, ainda assim, com certa distância. O presidente subia, então, a uma espécie de mezanino e este era o mais próximo que chegava dos devotos. Dentro do espaço dos próprios fiéis, inclusive, havia uma separação. Os mais ricos ocupavam algo similar a um camarote, enquanto os mais simples dispunham-se ali mesmo, na parte inferior, como na própria hierarquia social.


  3. TETOS, A CONTINUAÇÃO DA IGREJA EM DIREÇÃO AO CÉU

        Os tetos, assim como o interior de todas as igrejas, são repletos de informação e de formas geométricas variadas. Algumas lembram cruzes, outras colunas erguendo-se. De toda forma, esses tetos parecem ser uma continuação verticalizada do espaço e, por vezes, têm pinturas de grandes artistas. É o caso do famosíssimo teto da Igreja de São Francisco de Assis, pintado pelo mestre Ataíde, que retrata a assunção de Nossa Senhora aos céus, revelando uma estreita relação entre a arte e a religião.
    Assunção de Nossa Senhora aos céus      

    Teto com colunas que sustentam o céu
  4. RELAÇÃO ENTRE PROFANO E SAGRADO
        Há no barroco mineiro, apesar da ênfase no sagrado, um tom profano. Esses dois elementos se combinam na medida em que, por exemplo, são retratados, na mesma igreja, um santo e um homem comum afligido pelas mazelas sociais. O tom de ironia e crítica social, por exemplo, evidenciam o tema de forma muito clara. A obra A Última Ceia, do Mestre Ataíde, revela isso: no lugar do pão, há carne e uma serviçal cumprindo sua função. Vale ressaltar, ainda, como eram as praças centrais das cidades coloniais, onde, num mesmo espaço, encontravam-se uma igreja, uma casa de câmara e cadeia e um pelourinho, numa junção de temas divinos e humanos.
    METAFÍSICA PLATÔNICA NOS ESPAÇOS SAGRADOS
        A metafísica platônica centraliza-se e culmina no mundo das ideias, que se contrapõe ao mundo obscuro e ilusório dos homens enquanto corpo, que é o mundo sensível. Para Platão, o corpo é a prisão da alma, que a impede de alcançar a verdadeira luz, o Bem, em si. Para a religião, esse Bem, em si, é Deus e, dessa maneira, os espaços sagrados visitados funcionam como o caminho para alcança-lo. Além disso, como já citado, o corpo, para Platão, é maléfico. Neste sentido, essa doutrina perpetua-se nos ideais religiosos, os quais afirmam, até os dias de hoje, que a nossa matéria é a grande fonte dos pecados, visto que é dela que partem os desejos carnais.
    REFERÊNCIAS (todos visitados em 09/09/2012)